Bom, o primeiro ponto que precisamos refletir é sobre como funciona o processo da psicoterapia e como podemos explorá-lo melhor. Muitas pessoas acreditam que na terapia só se discutem assuntos da semana ou questões emocionais mais urgentes, mas o espaço da terapia pode ser muito mais amplo do que isso, você sabia?
Como de costume, no primeiro atendimento, costumo dizer ao paciente que o espaço da terapia é dele e que ele pode usá-lo da maneira que desejar, falando livremente. E esse "falar livremente" realmente inclui tudo o que passa por sua consciência. Podemos conversar sobre a nova série que você está assistindo e o que chamou sua atenção, sobre a comida que você adora feita pela sua avó, sobre seus hobbies e interesses, suas experiências de vida, seus sonhos e aspirações. Inclusive, trazer seus sonhos oníricos para a terapia pode ser extremamente útil para gerar conteúdo de análise e promover o autoconhecimento.
A terapia não se limita apenas a lidar com problemas emocionais urgentes. Ela também é um espaço para autoexploração, autodescoberta e crescimento pessoal. Ao trazer para a terapia assuntos que não estão diretamente relacionados a uma urgência emocional, você está oferecendo ao terapeuta uma visão mais abrangente de quem você é como pessoa, dos seus valores, das suas paixões e das suas experiências cotidianas.
Esses assuntos aparentemente "não urgentes" podem fornecer insights valiosos sobre você mesmo, sobre padrões de pensamento e comportamento, e como você interage com o mundo ao seu redor. Além disso, eles também podem ajudar a criar uma atmosfera mais descontraída e acolhedora na terapia, permitindo que você se sinta mais à vontade e aberto para explorar questões mais profundas quando surgirem.
Portanto, lembre-se de que não existem assuntos "bobos" ou irrelevantes na terapia. Tudo o que você traz para a sessão tem potencial para ser explorado e compreendido sob a perspectiva da sua psique e da sua jornada pessoal.
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Mirela Poletti é Especialista em Psicologia Clínica Junguiana.